segunda-feira, 11 de março de 2013

Os jovens e o engajamento sóciopolitico

A participação social e política dos jovens é um tema que sempre mobiliza para o debate: enquanto alguns afirmam a alienação e o desinteresse dos jovens, outros, ao contrário, ressaltam seu engajamento político, evidenciado ora por sua participação no processo eleitoral, ora por seu envolvimento em formas alternativas de ação política. às vezes até se evoca uma inclinação revolucionária, intrínseca ao ser jovem.
Na verdade, o pano de fundo dessa discussão é dado pelas relações do mundo adulto com a juventude. Os adultos têm projetos para os jovens e, ao olhar para esses, buscam avaliar em que medida se aproximam ou se distanciam dos modelos subjacentes.
Imagine um país no planeta, que é imenso, possuidor de riquezas naturais, e “bonito por natureza”. Esse país tem uma das maiores densidades demográficas do globo, que, de maneira peculiar é formada por diferentes culturas, de traços fortes e valorosas tradições. Pois bem, é chegada a hora das eleições nesse país, e com ela, a incumbência dos eleitores de decidirem quem os representará politicamente pelos próximos quatro anos. Dada a importância do voto, o debate a respeito dos candidatos é intenso, o interesse pelas propostas dos mesmos também, e o envolvimento dos cidadãos é formidável, certo? Provavelmente sim, mas se esse país for o Brasil, as coisas não serão bem assim.
Todo ano de eleições a mesma palhaçada se repete. Com campanhas extremamente demagógicas, projetos impossíveis e promessas vagas. São dezenas de exemplos de “senhores”, que se candidatam, e na maioria das vezes, por meio do já desgastado populismo, conseguem um lugar em Brasília. Ao chegarem lá, fazem “muito”, desviando recursos públicos e envolvendo-se em transações podres, que vão de “mensaleiros” a “sanguessugas”. No país da impunidade, a grande maioria desses políticos sai ilesa desse tipo de episódio, aparecendo com a maior “cara-de-pau” nas eleições seguintes, como se nada tivesse acontecido, afinal, esse tipo de político “rouba, mas faz”.

É um quadro bem desanimador o da política brasileira. O exemplo atual é o retrato disso: a maior parte daqueles que colocaram Lula no poder, por meio do voto, tinham a esperança de que ele, de origem humilde, como “retrato do Brasil e de seu povo” saberia conduzir o país olhando para os grandes problemas sociais.
Nesse contexto, os brasileiros parecem cada vez menos esperançosos com seus governantes, anulando seu voto, escolhendo qualquer candidato, dando um tiro na democracia. O jovem por sua vez, geralmente adota a mesma postura, pois é o reflexo de seus familiares, pais e professores. Esse é um dos maiores e mais graves problemas do Brasil: a alienação política.
Como já alertava o poeta e dramaturgo Bertold Brecht, o analfabeto político é aquele, que simplesmente ignora a política. Para ele, a política é “um saco” e nenhum candidato presta, já que são todos iguais. Daí, muitas vezes acaba anulando seu voto. Mal sabe ele que esse tipo de postura só favorece o político corrupto, que acaba se mantendo no poder.
Não se pode tirar toda a razão dessas pessoas, dada o desânimo causado pelos políticos brasileiros, mas a mudança só será possível se esse tipo de atitude mudar.

A importância disso é de que, em um país de jovens politizados, o futuro é promissor, pois aqueles que hoje apenas observam e estão iniciando sua participação política, provavelmente já saberão como agir no futuro, procurando evitar erros e encaminhar seu país para uma melhor condição.
Um levantamento realizado pela Retrato Pesquisa e Opinião para a Época e publicado na edição da revista que está nas bancas desmistifica a relação do jovem com a política. Descobriu-se que adolescentes de 16 a 18 anos se interessam muito mais pelo tema do que se pensava e, mais do que isso, têm uma visão pragmática e participativa de como a política faz parte do cotidiano e pode ser usada para pequenas conquistas ou grandes realizações.
A pesquisa mostra, também, que os partidos políticos vacilam ao não oferecer aos jovens condições para participação efetiva em suas atividades.
Apesar de pesquisas, como a do IBGE de novembro de 2005, mostrando que cerca de 28% dos jovens envolve-se com política e assuntos de cunho social, serem consideradas bons índices para o Brasil, esse resultado deve ser encarado como pífio.
O jovem é o futuro do país, e como tal, deve estar antenado para o que acontece na política e na sociedade que o envolve. Claro que, em um país em que parte dos cidadãos não tem nem o que comer, esse processo é mais difícil e demorado, mas para aqueles que tem acesso à informação e a cultura, o engajamento é fundamental, para que todos os jovens sigam essa postura.
Taxar a juventude atual de alienada, é preconceito. Mas, a despeito dos alienados, para os jovens que realmente se importam com os rumos do país, cabe o exemplo do que ocorre atualmente no Chile. Lá, bem próximo ao Brasil, uma legião de estudantes secundaristas levantou-se em prol de suas reivindicações, que se referiam a transporte livre, modificações no critério de avaliação universitária, revisão da lei educacional. Passeatas, protestos e ocupações escolares por meio de uma integração grandiosa, pararam o país. Conscientização pura.
O Brasil não precisa de uma legião de revolucionários incandescidos, mas de uma juventude consciente de seus deveres e de seu poder, como a chilena, pois, apesar do que muitos pensam, os jovens podem e devem mudar esse país.




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